segunda-feira, 8 de abril de 2013


ESTRANHA CAMPANHA DE DESAGREGAÇÃO

Venho recebendo, com regularidade, artigos, notas e pronunciamentos de militares brasileiros, alguns ainda na ativa, pondo em descrédito as chamadas Comissões da Verdade, denominando-as pejorativamente de "Comissões da Mentira".
Essa postura, em primeiro lugar, quebra a base fundamental dos militares, que é a disciplina, isto é, nega a fidelidade às posturas legais, fragiliza o Poder constituído, diminui a nacionalidade e põe em risco a paz pública.
Tais notas, artigos etc. em sua totalidade, têm um tom de intolerância e, por trás dos panos, induz a um novo golpe no País, em flagrante desrespeito à Constituição da República Federativa do Brasil.
A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12.528/2011 e instalada em maio de 2012 para apurar graves violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Entretanto, os seus opositores acrescentam que ela tem por objetivo apurar a história dos 500 mortos e desaparecidos nas guerrilhas urbanas e do Araguaia. Nem mesmo sei se só foram esses os vitimados! 
A minha interpretação, data venia, se encaminha para entender que se busca um reexame das ocorrências para verificar se algo foi omitido, o que é muito provável diante da pressão e violência com o que os processos tramitaram nos porões do mêdo e, por tal mister, possam ter obscurecido algumas situações que causaram prejuízos irreversíveis às pessoas, algumas que perderam completamente a própria razão de existir. O que dizer do desaparecimento de Luiz Maranhão Filho e o resultado do inquérito da morte de Wladmir Herzog, onde a Portaria de designação da Comissão já determinava "a apuração do suicídio"? Isso representou a verdade?
Na condição de presidente de uma Comissão da Verdade (a da UFRN), tenho direcionado nosso trabalho para a busca da verdade efetiva, sem retaliações, revanchismo ou grosseria, interpretando documentos e ouvindo relatos de pessoas que atuaram em lados opostos, deixando todos os convidados em total liberdade para seus depoimentos, sendo tratados com respeito, bem diferente da truculência física e psicológica que era constante no tempo da ditadura, até com o sacrifício de vidas humanas.
Não faremos terrorismo contra nenhuma Instituição ou pessoa e já temos, pelo menos, aqui em nosso Estado, dois casos que merecem uma análise mais aprofundada de injustiças possivelmente praticadas pelo autoritarismo, como aliás já foi comprovado no âmbito da UFRN com a Professora Maria Laly, que foi reintegrada graças à confissão do ex-Reitor Genário Fonseca de que a havia obrigado a assinar um pedido de demissão.
Acredito que Comissões da Verdade também poderiam existir no âmbito das forças armadas para apurar quem denegriu o nome glorioso das nossas honradas Corporações Militares, com torturas e mortes em seus espaços físicos. Isso nunca foi da índole dos militares brasileiros, que sempre demonstraram coragem e honra em todas as vezes que foram convocados a garantir a soberania nacional.
Deploro essas notas irreverentes e tendenciosas, verdadeiro desrespeito à cidadania e que precisam ser silenciadas pelas próprias instituições conscientes do seu dever cívico. 
Esse é um primeiro passo ao qual certamente se seguirão outros, como depurar e punir a corrupção nos altos escalões dos governos e criar mecanismos para o povo sair da miséria. 

DOMINGO, 7 DE ABRIL DE 2013