sábado, 12 de julho de 2014

Alemanha

Casa Branca quebra silêncio sobre acusação de espionagem na Alemanha

EUA dizem que diferenças com Alemanha devem ser tratadas em conversas fechadas. Merkel desaprova a atitude americana e afirma que não é fácil convencer os EUA a reformular o trabalho dos serviços de inteligência.
Depois da revelação de que dois funcionários do governo alemão estavam realizando atividades de espionagem para os serviços de inteligência dos EUA, o governo dos EUA resolveu quebrar o silêncio neste sábado (12/07) sobre a espionagem americana no Departamento Federal de Informações da Alemanha (BND). Segundo o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o tema não deve ser discutido abertamente, mas em conversas fechadas.
"Todas as diferenças que nós temos são resolvidas de melhor forma por meio dos canais tradicionais disponíveis, não pela mídia", afirmou Earnest. Na mesma coletiva de imprensa, ele afirmou que o presidente dos EUA, Barack Obama, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, não realizam contato telefônico há mais de uma semana.
Em outro episódio da espionagem americana, celular de Merkel foi grampeado
De acordo com informações publicadas pela revista alemã Spiegel neste sábado, o provável espião americano no Departamento Federal de Informações (BND) não era supervisionado pela Embaixada dos EUA em Berlim.
Segundo a revista, agentes da CIA da Embaixada em Viena, na Áustria, teriam encontrado algumas vezes o homem de 31 anos em Salzburgo, onde teriam recebido documentos secretos e realizado pagamento pelo trabalho realizado.
Críticas de Merkel
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, voltou a criticar neste sábado (12/07) a Casa Branca. Mesmo assim, ela frisou que a cooperação dos serviços de inteligência dos dois países deve continuar.
Em entrevista à emissora alemã ZDF, Merkel afirmou que a Alemanha não tem como impor que os EUA deixem de espionar em território alemão. "Numa abordagem geral, eu acredito que não é tão fácil convencer os americanos da reformulação do trabalho das agências de inteligência. Por isso temos que deixar claro onde estão as diferenças de atitude."
Ao ser perguntada se tem expectativas de que os EUA mudem a sua conduta, Merkel afirmou que não pode predizer, mas espera que sejam realizadas mudanças. Merkel também não esconde a sua falta de compreensão diante da atitude americana. "Quando isso acontece, do meu ponto de vista não é uma cooperação entre parceiros."
A chanceler federal afirmou, também, que nenhuma relação de confiança implica a aceitação de espionagem. "Nós queremos uma cooperação entre parceiros. Isso inclui a não espionagem mútua, também nos serviços de inteligência", disse Merkel, afirmando ainda que não seria necessário o rompimento da cooperação alemã com os serviços de inteligência dos EUA.
FC/dpa/rtr

Mais sobre este assunto

Alemanha expulsa chefe da CIA.

Alemanha

Fonte:dw.de

Em escândalo de espionagem, EUA silenciam, Alemanha exige respeito

Agente americano expulso deve deixar a Alemanha em breve. Ministro alemão do Exterior Steinmeier reafirma que expulsão foi passo certo e exige confiança e respeito dos EUA. Washington não comenta o assunto.
A expulsão do chefe do serviço de inteligência dos Estados Unidos em Berlim causou mal-estar na relação teuto-americana. Enquanto Washington ignora o fato e permanece em silêncio, ministros alemães exigem esclarecimento sobre casos de espionagem contra o país, pedindo confiança e respeito.
O ministro alemão do Exterior, Frank Walter Steinmeier, avaliou nesta sexta-feira (11/07) a decisão de ordenar a saída da Alemanha do chefe da espionagem americana como um "passo necessário" e uma "reação apropriada", diante a quebra de confiança. A decisão se seguiu à revelação que dois funcionários do governo alemão possivelmente estavam realizando atividades de espionagem para os serviços de inteligência dos EUA.
"Nós precisamos e esperamos uma parceria baseada na confiança", comentou Steinemeier. A Alemanha deseja nutrir com os EUA um "intercâmbio de opiniões aberto", que não hesite diante questões difíceis, como tem sido até agora. Perante às muitas crises no mundo – no Irã, Ucrânia, Oriente Médio, Afeganistão – a "ligação transatlântica" é mais do que necessária, disse.
Reforço da parceria
Segundo o ministro social-democrata, é ilusão acreditar que a mitigação dos conflitos e a busca de soluções diplomáticas possam ser bem sucedidas sem uma estreita cooperação com os Estados Unidos. Ele alerta, porém, que essa cooperação precisa ser conduzida com confiança e respeito mútuo.
Steinmeier (esq.) vai conversar com Kerry sobre os eventos de espionagem, em encontro em Viena
"Nós queremos revitalizar nossa parceria e amizade sobre uma base sincera", anunciou Steinmeier, acrescentando ser essa a mensagem que ele vai levar a seu homólogo americano, John Kerry, em Viena. No fim de semana, ministros do Exterior de vários países se encontram na capital austríaca para discutir o programa nuclear iraniano.
Enquanto isso, o governo alemão confirma que o agente americano deve deixar o país em breve. "Foi uma clara ordem de retirada", comentou o porta-voz do ministério do Exterior. Apesar do agravamento do escândalo de espionagem, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente dos EUA, Barack Obama, continuam tento um "bom contato", afirmou, por sua vez, o porta-voz da Chancelaria Federal, Steffen Seibert.
Silêncio americano
Entretanto, Merkel e Obama não conversaram na quinta-feira e no momento nenhum telefonema entre os dois está programado, prossegue Seibert, que, mesmo com os últimos acontecimentos, diz não temer efeitos negativos sobre a amizade teuto-americana.
Esta estaria "profundamente ancorada" em ambos os lados do Oceano Atlântico e viva através de milhões de pessoas. O porta-voz também negou que o escândalo de espionagem possa abalar a cooperação entre os serviços secretos da Alemanha e dos Estados Unidos, como divulgado pelo jornal alemão Bild.
No entanto, o ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, espera que os EUA revelem todas as atividades de espionagem contra a Alemanha e as encerrem imediatamente. Os americanos precisam contribuir ativamente para os esclarecimentos das acusações, exigiu Maas ao jornal Passauer Neue Presse.
Até o momento, Washington permanece em silêncio perante o novo escândalo, sem se posicionar oficialmente sobre as acusações ou a expulsão do agente. "Qualquer tipo de comentário sobre alegadas ações do serviço secreto colocaria em risco o patrimônio, os funcionários e a segurança nacional dos EUA", declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Ele salientou que a relação entre os dois países permanece muito importante para os Estados Unidos.

Mais sobre este assunto