terça-feira, 13 de setembro de 2016

Adiada a exibição da entrevista de Cipriano Correia no Conversa no Memorial, da TV Assembleia.

O blog recebe a informação de que o programa Conversa no Memorial, da TV Assembleia do RN, não foi exibido na sexta-feira, 9 de setembro, com o ex-deputado estadual e médico Cipriano Correia, como fora anunciado nesta página, por causa de falha técnica na gravação do programa. Em substituição foi reapresentado a entrevista com  Paulo de Tarso.
Ainda segundo as informações, em breve será exibido o programa com o médico Cipriano Correia, em data a ser confirmada pela emissora.

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cenas da gravação do programa

sábado, 10 de setembro de 2016



Na verdade os heróis eram sacripantas
Tomislav R. Femenick – Mestre em economia e historiador

Um ano antes da célebre canção de Dorival Caymmi, em 1944 eu, meu pai e  minha mãe pegamos um Ita no Nordeste e fomos morar no Rio Janeiro. Eu tinha cinco anos de idade, porém me lembro de alguns aspectos da viagem, inclusive do desembarque no cais da Praça Mauá, na então capital federal. Nessa mesma praça, um ano depois, em julho de 1945, assisti o desembarque das pracinhas brasileiros que tinham lutado na Europa contra o nazismo e o fascismo, sistemas totalitários com os quais o Estado Novo getulista chegou a flertar. Passados três meses, Getúlio Vargas deixou a Presidência, pondo fim à ditadura mais ambígua e cruel da história nacional.
Seis anos depois, Getúlio voltou a ocupar a presidência da República, dessa vez eleito pelo voto popular. Foi presidente por três anos, seis meses e 24 dias. Seu novo governo foi marcado por escândalos de todo ordem: corrupção, crises econômicas, enfrentamento com militares, atentados de morte contra opositores etc. Escolheu o suicídio como forma de entrar para a história, legando ao país uma grave crise institucional. Essa a herança que recebeu o seu vice, nosso conterrâneo Café Filho, que tentou dar novo rumo ao governo, adotando uma política econômica liberal. Em novembro de 1955, Café deixou a presidência por motivos de saúde. Carlos Luz, o presidente da Câmara dos deputados, assumiu o cargo de primeiro mandatário e tudo fez para impedir que Juscelino Kubitschek tomasse posse como presidente; cargo para o qual tinha sido eleito.
Em 31 de janeiro de 1961, o extravagante Jânio Quadros foi empossado como presidente. Fez uma administração histriônica; misto de opera bufa e teatro burlesco e grotesco. Deu no que deu: durante um dos seus delírios renunciou à presidência. Dizem que queria ser ditador. Nas idas e vindas de acordos, em seu lugar assumiu o vice João Goulart, primeiro como presidente em um regime parlamentarista, depois como chefe de governo presidencialista; até que foi deposto pelo golpe militar de 1964. O histórico tudo mundo sabe: 21 anos de obscuridade, com Atos Institucionais, cassações de mandatos, fechamento do Congresso, censura à impressa e o escambau.
No início da década de 1990, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente intitulando-se o “caçador de marajás”, porém seu primeiro ato foi caçar a poupança das pessoas. Seu governo foi repleto de escândalos, tendo como operador a taciturna figura de P. C. Farias. Collor renunciou o mandato, mas mesmo assim sofreu impeachment pelo Senado e perdeu os direitos políticos.
E chegou o ano de 2003. Pela primeira vez o chão da fábrica bateu às portas do paraíso.  Luiz Inácio Lula da Silva, um nordestino que foi para o sul maravilha nos duros bancos de um caminhão “pau de arara”, recebe a faixa presidencial do sociólogo Fernando Henrique Cardoso. A esperança de milhões de brasileiros enfim seria realizada pelas mãos do Lulinha paz e amor. No começo, tudo bem; seguindo a política econômica de FHC e com o mercado internacional favorável, conseguiu estabilidade e fez distribuição de renda. Nesse cenário cooptou políticos de outros partidos e grandes empresários. O problema veio depois quando explodiu o mensalão. Mesmo assim reelegeu-se e depois elegeu Dilma. Mais ai veio o petrolão, os financiamentos não ortodoxo do BNDES, os prejuízos dos fundos de pensões, amante mantida à custa do governo, prisão de ministros de Lula e Dilma, triplex em Guarujá e sítio em Atibaia, pedaladas fiscais e outras violações às disposições legais, à moral e aos bons costumes. Resultado: Dilma também sofreu impeachment.
Triste e melancólico fim de uma utopia que desabou sobre si mesma.

Tribuna do Norte. Natal, 10 set. 2016

sábado, 3 de setembro de 2016

BRASIL

Deutsche Welle - dw.de - 03.09.2016

Em 13 anos no poder, PT minou o próprio legado

Petistas promoveram avanços na área social reconhecidos internacionalmente. Mas viram conquistas econômicas da era Lula se diluírem com Dilma e incentivo ao combate à corrupção ser manchado por escândalos.
Dilma e Lula em 2015: os governos petistas trouxeram a questão social ao centro dos debates políticos
Dilma e Lula em 2015: os governos petistas trouxeram a questão social ao centro dos debates políticos
Com o desfecho do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ciclo de pouco mais de 13 anos do PT à frente do governo chegou ao fim. Nesse período, o país passou por profundas transformações sociais e econômicas. Veja abaixo o legado que o governo comandado pelos petistas deixou para o Brasil.
Área social
As gestões petistas trouxeram a questão social ao centro dos debates políticos. O governo Lula lançou o Bolsa Família, que é apontando pelas Nações Unidas como uma das principais medidas responsáveis por reduzir a pobreza extrema no país. Segundo o Banco Mundial, o número de pessoas vivendo nessa situação caiu 64% entre 2001 e 2013.
Outros indicadores sociais também experimentaram uma evolução positiva. A taxa de analfabetismo caiu de 11,6% para 8,1%. A expectativa de vida passou de 71,1 anos em 2003 para 75,2 anos em 2015. Já a taxa de mortalidade infantil caiu de 26,04 em 2002 para 13,82 em 2015.
No campo educacional, o Brasil também passou por vários avanços. O investimento público em educação saltou de 4,6% do PIB em 2003 para 6,2% em 2013. Houve uma política de incentivo a construção de universidades. Em 13 anos, foram criadas 20 instituições federais.
A criação de programas de incentivo à pesquisa e o aumento no volume de recursos também ajudaram a aumentar o número de mestres e doutores. Em 2003, o país formou cerca de 35 mil deles. Em 2014, foram quase 67 mil. Além de aumentar as vagas no ensino superior público, o governo turbinou programas de financiamento estudantil, como o FIES, que dispararam a partir de 2010, chegando a 17,8 bilhões em 2014.
Parte das conquistas econômicas sob Lula começou a ser diluída na gestão Dilma a partir de 2011
Parte das conquistas econômicas sob Lula começou a ser diluída na gestão Dilma a partir de 2011
Economia
O legado do PT para a economia é mais complexo, já que os governos Lula e Dilma tiveram condutas bastante contrastantes. Quando assumiu, Lula se comprometeu a seguir a linha adotada pelo seu antecessor, FHC, que previa metas de inflação e superávit primário. Com o boom das commodities, houve crescimento econômico. O país passou a acumular boas notas entre agências e ganhou elogios de banqueiros. Entre 2003 e 2015, passou de 13° economia do mundo para o 9° lugar.
Sob Lula, o país passou a acumular mais reservas internacionais. Elas eram de meros 37,65 bilhões de dólares em 2003. No final de 2010, atingiram 299,5 bilhões de dólares. Já o PIB no governo Lula apresentou expansão média de 4% ao ano, entre 2003 e 2010, superior aos anos FHC.
Mas parte das conquistas econômicas sob Lula começou a ser diluída na gestão Dilma a partir de 2011. A nova presidente lançou mão de uma nova matriz econômica, insistindo ainda mais em reduzir juros e congelar preços de energia e combustíveis para segurar a inflação. Também continuou com investimentos maciços em estatais. Boa parte das medidas, somada à queda das commodities e ao descontrole das contas públicas, acabou tendo resultados catastróficos a partir de 2014.
Ao longo dos seus 13 anos, o PT também deixou de lado reformas estruturais que poderiam ter dado mais dinamismo à economia. Sob Dilma, os números começaram a se deteriorar. O superávit que era de 101 bilhões de reais no final de 2010 passou para um resultado negativo de -32,5 bilhões em 2014. A taxa de desemprego, que era 10,5 em 2003, foi reduzida para 5,3 no final do governo Lula, mas voltou a subir sob Dilma, atingindo 11,2 em maio de 2016.
Com os resultados negativos de Dilma, a média de crescimento do PIB sob o PT saiu arranhada. Em vez da expansão média de 4% observada sob a Lula, a média total dos 13 anos caiu para 2,9%, não muito superior à observada nos anos FHC.
Série de escândalos, como o Petrolão, envolvendo as gestões de Lula e Dilma acabaram manchando esse legado
Série de escândalos, como o Petrolão, envolvendo as gestões de Lula e Dilma acabaram manchando esse legado
Corrupção
Quando estava na oposição, o PT incentivava um discurso de ética na política. Apesar dos escândalos em que se envolveu, a gestão petista tomou medidas de impacto positivo. Sob Lula, a figura do "engavetador da república" saiu de cena. Por sugestão do Ministério Público, o ex-presidente passou a nomear procuradores-gerais indicados pelo próprio órgão. A Polícia Federal também passou a receber mais investimentos.
Lula também criou órgãos como a Controladoria-Geral da União (extinta sob Temer). Os governos petistas também incentivaram a aprovação de leis para combater a corrupção, como a Lei da Ficha Limpa, a Lei de Acesso à Informação, entre outras. Quando a Lava Jato já havia estourado, a presidente Dilma também evitou fazer mudanças no comando da PF e do MP.
Só que a série de escândalos que envolveram as gestões de Lula e Dilma acabaram manchando esse legado. Apesar do discurso de ética, a gestão petista fez poucos esforços para realizar uma reforma política ampla, preferindo fazer uso de velhos métodos questionáveis para governar, como a divisão de cargos ou o pagamento de subornos.
Os primeiros grandes escândalos – o dos Bingos e o Mensalão – estouraram ainda no primeiro governo Lula. Já sob Dilma, o país experimentou o maior escândalo de corrupção da sua história, o Petrolão, que mais uma vez envolveu políticos do PT e aliados de outras siglas.
Como resultado dos escândalos, três ex-tesoureiros do PT acabaram sendo presos. O Petrolão também ajudou a revelar a forma como a sigla e outros partidos se financiavam e a relação próxima com grandes empreiteiras.