terça-feira, 18 de março de 2014

Restos de Rubens Paiva teriam sido jogados no mar.

Restos mortais de Rubens Paiva teriam sido jogados ao mar

Os restos mortais do deputado Rubens Paiva teriam sido jogados ao mar em 1973, depois de dois anos enterrados nas areias do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. A revelação foi feita por um coronel reformado, de 76 anos, ao jornal O Globo no momento em que o Ministério Público Federal (MPF) se prepara para denunciar quatro militares envolvidos com a morte do ex-deputado, ocorrida entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971.
— Pelo estado do corpo, não posso dizer de quem era, nem cabia a mim identificá-lo. Mas o nome que ouvi foi o de Rubens Paiva — disse ao O Globo o coronel que topou dar entrevista sob o compromisso do anonimato.
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Conforme a reportagem, o oficial participou de todas as missões importantes do Centro de Informações do Exército (CIE) na chamada "guerra suja", período mais sangrento do regime militar, entre 1969 e 1974. Ele contou que montou uma equipe de 15 homens, disfarçados de turistas, e passou 15 dias abrindo buracos na praia — as escavações eram feitas dentro de uma barraca — até encontrar o corpo ensacado:
— De lá, ele (o corpo) seguiu de caminhão até o Iate Clube do Rio, foi embarcado numa lancha e lançado no mar. Estudamos o movimento das correntes marinhas e sabíamos o momento certo em que ela ia para o oceano.
Em 1987, denúncias anônimas levaram a polícia fluminense a escavar na Praia do Recreio dos Bandeirantes, na tentativa de encontrar o corpo de Paiva. O procedimento foi repetido em 1999, em uma área em frente ao Corpo de Bombeiros no Alto da Boa Vista, com o mesmo objetivo.
— As pistas estavam corretas. O corpo realmente passou por estes lugares, onde já não estava na época das buscas — garantiu o coronel reformado ao O Globo.
Após dois anos de trabalho, o grupo Justiça de Transição, do MPF, deve denunciar os oficiais reformados José Antônio Nogueira Belham, ex-comandante do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI-I), onde Paiva morreu sob torturas; e Raimundo Ronaldo Campos, que admitiu ter montado uma farsa para forjar a fuga do ex-deputado, além dos irmãos e ex-sargentos Jacy e Jurandyr Ochsendorf, também envolvidos na fraude.
Fonte: zerohora.com.br