sexta-feira, 13 de setembro de 2013


Juízes chilenos pedem perdão por omissão durante ditadura

Fonte: O Globo - 11.09.2013.
  • Em comunicado inédito, magistrados assumem falha em proteção dos direitos humanos no regime de Pinochet
SANTIAGO — Em ação inédita, juízes do Chile admitiram nesta quarta-feira que o Poder Judiciário não protegeu os direitos humanos durante a ditadura do general Augusto Pinochet. Eles também pediram perdão aos familiares das vítimas de crimes de lesa-humanidade. A medida acontece no momento em que se lembram os 40 anos do golpe de Estado no país, e se soma a uma onda iniciada por um senador governista de pedidos de desculpa por ações — ou omissões — cometidas antes e durante o regime militar (1973-1990).
Num comunicado, um grupo de juízes reconheceu que “o Poder Judiciário incorreu em ações e omissões impróprias de sua função, ao ter se negado, salvo isoladas, mas valiosas exceções que o honram, a oferecer proteção aos que demandaram várias vezes sua intervenção”.
A ditadura de Pinochet fez mais de 40 mil vítimas — destas, 3.200 morreram —, além de mil desaparecidos forçados.
“A inadmissão ou a rejeição por parte de nossos tribunais de milhares de recursos de amparo, muitos dos quais foram fundadamente interpostos em nome de compatriotas cujo destino nunca mais se soube, a negativa sistemática de investigar as ações criminais perpetradas por agentes do Estado e a recusa a se constituir pessoalmente em centros de detenção e tortura, sem dúvida alguma, contribuíram ao doloroso balanço em matéria de direitos humanos que ficou para trás após esse período cinza”, acrescenta o texto.
O Poder Judiciário chileno recusou cerca de 9 mil recursos de amparo que pediam proteção a pessoas detidas pela polícia política da ditadura. A maioria permanece desaparecida até hoje.