quinta-feira, 24 de outubro de 2013

7 DE OUTUBRO DE 2013 - 15H58 

Capistrano: Lembrando Hélio Vasconcelos (1932-2013)


Tem gente que marca a sua presença na nossa vida de forma permanente, o Prof. Hélio Vasconcelos é uma dessas figuras. Conheci Hélio no inicio dos anos sessenta, militante do Partido Comunista, ligado a Luis Maranhão e a Vulpiano Cavalcanti.


 helio vasconcelos

Ele foi presidente do CPC – Centro Popular de Cultura, substituiu Nathanias Von Shosten, advogado com atuação em Natal. Nathanias foi secretário de planejamento do governo Geraldo Melo. Se não me engano no início dos anos sessenta Nathanias foi morar em Recife, foi trabalhar na SUDENE e Hélio ocupou a presidência do CPC.

O CPC era o braço cultural da UNE, um projeto fantástico que contava com a participação de grandes nomes da intelectualidade jovem da época, hoje, grande parte deles formam a elite cultural e artística do Brasil.

Participamos da efervescência cultural daquele período, momento rico na movimentação cultural e política do nosso país. Éramos um grande grupo de jovens, alguns recém-formados, outros estudantes do ensino médio ou superior, alguns não tão jovens, mas, que se entendia através das ideias. Esse grupo formava o CPC. Dessa turma, cito alguns nomes: Tereza Braga, Berenice Freitas, Irma Chaves, Maria Lali, Pelé, Carlos Vila, Luiz Maranhão, Franklin Capistrano, Doutor Ivis Bezerra, Josemá Azevedo, Paulo Frassineti de Oliveira, Carlos Lima, José Arruda Fialho, Carlos Tinoco, João Faustino, José Fernandes Machado, Ubirajara Macedo, Danilo Bessa, Omar Fernandes Pimenta, Mery Medeiros, Bento Ventura. Além desses nomes, tinha um grupo imenso de estudantes, trabalhadores e funcionários públicos com uma atuação nos movimentos sindicais e populares do estado, eram figuras ligadas ao PCB, a Igreja Católica (AP) e alguns evangélicos, mas, todos militantes de esquerda.

Hélio, figura estimada por todos que o conheciam, era um grande contador de histórias, papo agradabilíssimo, competente profissional com sensibilidade política e social, resultado da sua formação marxista.

Após a sua prisão (1964), Hélio foi morar no Rio de Janeiro, retornando a Natal em 1983. Nesse mesmo ano assumiu a direção estadual da FEBEM, logo em seguida foi nomeado secretário estadual de educação, ficando no cargo até o final de 1986. Ele levou para a secretária da educação, como auxiliares imediatos, duas grandes figuras da geografia humano do nosso estado, Omar Fernandes Pimenta e Virgilio Fernandes de Macedo. Omar, hoje é aposentado e, Virgilio é desembargador do Tribunal de Justiça do RN. É nesse período que reencontro Hélio, eu, atuando no movimento sindical, como presidente da Associação dos Professores de Mossoró, e ele como secretário de educação do RN. Em 1986 fui eleito vice-reitor da Uern.

Um dos colegas de prisão de Hélio, no Regimento de Obuses em 1964, foi Zé Gago, líder sindical muito conhecido em Mossoró. Existe uma passagem pitoresca, que Hélio me contou e, Zé Gago confirmou: Quando Hélio assumiu a secretaria de educação, logo no início da sua gestão, Zé Gago vai a Natal solicita uma audiência com o seu velho camarada. Ao chegar ao gabinete, a atendente do secretário indaga a Zé Gago qual o assunto que será tratado na audiência, ele responde...”é um assunto particular...conversa entre dois colegas de cadeia...inclusive ele era o meu secretario particular na prisão, era ele quem redigia minhas cartas...moça, vá lá e diga a ele que quem está aqui é Zé Gago”. Claro, Hélio atendeu prontamente. Zé Gago entra no gabinete do velho amigo e vai logo dizendo, “camarada!... tomamos o poder!” Em seguida, entrega uma lista com nomes para serem nomeados para os cargos da SEC, em Mossoró, e diz: “amigo velho!... vamos ocupar Mossoró, colocando em pontos estratégicos da cidade pessoas nossas”. Dito isso, Zé Gago senta, coloca os pés em cima do birô, olhar para Hélio e diz: “vamos aproveitar, vamos botar pra lascar nessa cambada, vamos ocupa Mossoró com os nossos”. Helio contava essa história bolando de rir.

Para o velho e bom camarada Hélio Vasconcelos, combatente das boas causas, todas as nossas homenagens.
 
Antonio Capistrano foi reitor da UERN é filiado ao PCdoB