domingo, 22 de dezembro de 2013

AMÉRICA LATINA

Na esteira de reformas, Cuba pretende melhorar diálogo com os EUA

Após série de medidas de aproximação, presidente Raúl Castro pede que Washington estabeleça "relações civilizadas" com ilha. No Parlamento, líder cubano defendeu reformas econômicas rumo a "socialismo menos igualitário".
Obama aperta a mão de Raúl Castro em cerimônia fúnebre de Mandela
Cuba deseja melhorar as relações com os EUA. Embora o presidente cubano, Raúl Castro, tenha descartado, em discurso no Parlamento neste sábado (21/12), o fim do sistema de partido único ou uma mudança radical da ordem econômica na ilha caribenha, ele admitiu que EUA e Cuba trocaram ideias recentemente sobre algumas medidas de aproximação.
"Se nos últimos tempos, fomos capazes de trocar ideias sobre temas de benefício mútuo entre Cuba e os EUA, então consideramos que podemos resolver outros assuntos de interesse", disse Castro diante de cerca de 600 deputados na Assembleia Nacional. Na ocasião, Castro instou os Estados Unidos a "estabelecer uma relação civilizada entre os dois países."
Suas palavras chegam poucos dias depois do inédito aperto de mão com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante a cerimônia fúnebre do herói sul-africano Nelson Mandela, uma imagem que foi interpretada como um gesto de aproximação entre os antigos rivais.
Rivais de meio século
Estados Unidos e Cuba são inimigos desde a revolução cubana em 1959. No entanto, recentemente, houve conversas entre os dois países sobre temas como imigração, serviços de correio, proteção de catástrofes e questões de segurança. Ambos os lados elogiaram tais diálogos como sérios e pragmáticos.
Apesar dos tímidos avanços com vista à melhora de relações, os EUA aplicam um embargo econômico sobre a ilha comunista há mais de meio século, e os dois países não possuem relações diplomáticas.
Washington financiou uma fracassada invasão a Cuba em 1961 e, segundo dados do governo cubano, tramou mais de 600 tentativas de assassinato contra Fidel Castro. No entanto, o líder revolucionário cubano sobreviveu e governou até 2006, ano em que transferiu o poder para o seu irmão mais novo, Raúl, por motivos de saúde.
Em breve, carros antigos podem ser coisa do passado em Cuba
Socialismo "menos igualitário"
Também neste sábado, Raúl Castro defendeu na Assembleia Nacional as reformas econômicas por que Cuba vem passando nos últimos anos. Ao comentar diante dos deputados a supressão da moeda dupla na ilha, Castro assegurou que medidas como essa "contribuirão de maneira decisiva para melhorar o funcionamento da economia", como também para a "edificação de um socialismo próspero e sustentável, menos igualitário e mais justo", informou a agência de notícias DPA.
A reforma monetária, que prevê a eliminação do CUC (Peso Cubano Convertível), a moeda cubana atrelada ao dólar, é considerada como a chave para a reestruturação do setor estatal na ilha. Em seu último discurso este ano no Parlamento, Castro enfocou os assuntos econômicos, principalmente os avanços das reformas de mercado conhecidas como a "atualização" econômica.
Castro anunciou para março uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional em Havana para debater um projeto de lei que fomenta os investimentos estrangeiros no país. Já há alguns anos, o governo cubano permite a formação de empresas mistas, mas ainda não autoriza que se constituam empresas privadas sob o controle estrangeiro.
Segundo Castro, a elaboração de uma nova lei de investimentos estrangeiros é um "fator de singular importância para dinamizar o desenvolvimento econômico e social do país". Na semana passada, Cuba suspendeu a proibição para a livre importação e comércio de carros novos do exterior, que estava em vigor na ilha desde 1959.
CA/dpa/rtr/afp


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Um pouco de história:

CULTURA

Projeto disponiliza na internet filmes históricos sobre Primeira Guerra

Coordenado pelo Instituto Alemão de Cinema, "European Film Gateway 1914" marca centenário do início do conflito. Iniciativa tem participação de 26 parceiros de 15 países e digitalizou mais de 650 horas de material.
Weihnachtsfrieden 1914
Para marcar o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, o projeto europeu "European Film Gateway 1914", coordenado pelo Instituto Alemão de Cinema (DIF, sigla em alemão) digitalizou desde fevereiro de 2012 mais de 650 horas de filmes históricos sobre a Primeira Guerra Mundial e disponibilizou o material gratuitamente na internet.
"É um projeto memorialístico europeu sem precedentes e de imensa importância para pesquisas científicas e jornalísticas", afirmou Claudia Dillmann, diretora do DIF, em entrevista à agência de notícias alemã EPD.
A iniciativa conta, segundo Dillmann, com a cooperação de 26 parceiros de 15 países e já digitalizou quase 1.500 cinejornais, documentários, animações e filmes de longa-metragem, além de 5.600 documentos relacionados a produções cinematográficas sobre a Primeira Guerra.
Apoio do governo alemão e da UE
Até fevereiro de 2014, deverão ser acrescentados outros mil títulos. De acordo com estimativas, foram preservados apenas cerca de 20% dos filmes produzidos na Europa entre 1914 e 1918.
O empreendimento conta com o apoio do governo federal alemão, assim como do governo do estado alemão de Hessen. O "European Film Gateway 1914" é cofinanciado pela União Europeia, que contribui com 2,1 milhões de euros.
Os filmes podem ser vistos no site www.europeanfilmgateway.eu. O portal, especializado na divulgação digital de documentos ligados à história do cinema, também tem uma versão em português.

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