Extraído de: OAB - Rio Grande do Norte - 13 de Dezembro de 2012
Clico da Verdade: jornalista Dermi Azevedo relata na OAB/RN momentos marcantes de sua vida durante a ditadura militar
Atravessei a fronteira da Bolívia vestido de padre. Pedi hospedagem a
um arcebispo que tinha acabado de celebrar uma missa, ressaltando o
amor de Jesus e a misericórdia. Em um primeiro momento, negou-me abrigo,
mas depois voltou atrás por minha insistência e me encaminhou para
dormir em um lugar com insetos. Vi a diferença entre o falar e o
praticar. Outro momento muito difícil foi quando invadiram minha casa e
espancaram meu filho, que na época tinha 1 ano e 8 meses, deixando-o com
sequelas até hoje, ressaltou o jornalista norte-riograndense Dermi
Azevedo no Ciclo da Verdade e Memória, realizado hoje (13) na sede da
OAB/RN.
O evento contou com a presença de estudantes, integrantes
de movimentos sociais, representantes da Comissão da Verdade da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, advogados e presos
políticos. Conforme o presidente da Comissão da Verdade e Memória,
Djamiro Acipreste, o objetivo é contar a história dos potiguares que
enfrentaram inquéritos, processos e abusos durante ditadura militar a
fim de produzir relatório e encaminhar para Comissão Nacional. Queremos
contar a verdade e mostrar que há condições para os jovens conhecerem a
memória verdadeira, disse Djamiro.
Jornalista Dermi Azevedo
Dermi
trabalhou, entre outras publicações, nos jornais Diário de Natal,
Tribuna do Norte, A Ordem, Salário Mínimo, Visão, Manchete, Fatos &
Fotos, VEJA, Isto É (da qual foi correspondente na Itália), Folha de
S.Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Informations
Catholiques Internationales, da França. Como pesquisador, fez
especialização em Relações Internacionais, na FESPSP, sobre a política
externa do Vaticano, tornando-se, em seguida, Mestre em Ciência
Política, na USP, com dissertação sobre a colaboração de agentes
religiosos com a repressão de 1964/1985 e Doutor nessa mesma
universidade, com uma tese sobre Igreja Católica e Democracia. Dermi foi
presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Natal. Presidiu
também a COOJORNAT - Cooperativa dos Jornalistas de Natal e foi um dos
representantes brasileiros na II Conferência Mundial de Direitos
Humanos, realizada, pela ONU, em 1993, em Viena, Áustria. Atualmente
Dermi reside em Belém, no Estado do Pará.
Autor: Anne Medeiros
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