Aos 50 anos do Golpe, livros sobre a ditadura são aposta para 2014
Reedição dos livros de Elio Gaspari sobre o regime militar começam a sair em fevereiro, pela Intrínseca
Leonardo Cazes
Maurício Meireles
Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, em 1968, contra a ditadura:
edições vão lembrar, sob diversos aspectos, a época do regime militar no Brasil
Arquivo
RIO - No ano em que se completam cinco décadas do golpe que instituiu o
regime militar no Brasil, o assunto será tema de diversos lançamentos do mercado
editorial. Entre as novidades, o carro-chefe promete ser uma reedição: os quatro
livros do jornalista Elio Gaspari A ditadura envergonhada (2002), A ditadura
escancarada (2002), A ditadura derrotada (2003) e A ditadura encurralada (2004)
estreiam em nova casa, a Intrínseca. Com lançamento previsto para meados de
fevereiro, as obras foram revistas e atualizadas e ganharão caprichadas edições
em e-book, com fac-símiles de documentos citados, fotos, vídeos e áudios.
Outros três livros procuram repassar as duas décadas de regime militar. Em
1964: O golpe que derrubou um presidente e instituiu a ditadura no Brasil
(Civilização Brasileira), Jorge Ferreira e Ângela de Castro Gomes, professores
da Universidade Federal Fluminense (UFF), traçam um panorama do regime
civil-militar e destacam personagens e momentos que marcaram o período.
Em Ditadura e democracia no Brasil: do golpe de 1964 à Constituição de 1988
(Zahar), Daniel Aarão Reis, também professor da UFF, propõe uma nova leitura do
regime, especialmente da relação entre a sociedade civil e os militares. As duas
obras estão previstas para fevereiro. Já o historiador Marco Antônio Villa
publica Ditadura à brasileira (LeYa), em que apresenta as peculiaridades do
regime e os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais de cada um dos
cinco governos militares.
Na seara do comportamento, O verão do golpe (Maquinária Editora), do
jornalista Roberto Sander, lançado este mês, recupera o cenário social e
cultural da temporada que antecedeu a derrubada do presidente João Goulart, na
primavera de 1964. Na mesma linha, a Companhia das Letras publica, da jornalista
Ana Maria Bahiana, Almanaque 1964, que faz um balanço do clima cultural e
político naquele ano.
O ano de 2014 também marca outra efeméride: os 100 anos do início da Primeira
Guerra Mundial. A Rocco garantiu os direitos de publicação de Adieu à lEurope
(Adeus à Europa), de Olivier Compagnon. O autor fez um estudo sobre como o
conflito no Velho Continente afetou os países latino-americanos, entre eles o
Brasil e a Argentina, fazendo aflorar questões identitárias e provocando uma
reformulação do próprio nacionalismo. Pelo selo Alfaguara, sairá O bom soldado
Svejk, de Jaroslav Hasek, romance de 1923 que é editado no Brasil pela primeira
vez na íntegra e com tradução direta do tcheco. A obra é baseada, em partes, na
própria experiência de Hasek, e expõe a máquina da guerra através do riso.
Fonte: O Globo.
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